Por Vinícius Prado
Desde gestões
anteriores o poder público pontalense tem feito cada vez mais a
opção por um projeto de desenvolvimento baseado no
desenvolvimentismo , ou seja uma política econômica baseada na meta
de crescimento da produção industrial e da infra-estrutura, com
participação ativa do estado, como base da economia e o conseqüente
aumento do consumo.
A opção pelo
desenvolvimentismo é recorrente no sistema capitalista, na própria
história do Brasil, este modelo foi implementado a nível nacional
em épocas como as de JK e seus “cinquenta anos em cinco”, e o
“milagre econômico” do período militar, ambos fracassaram
óbviamente, pois não se trata de um modelo sustentável, tanto
ambientalmente como socialmente, este modelo nos coloca refém de um
mercado financeiro especulatório internacional.
Em Pontal do Paraná podemos ver claramente a opção por esse crescimento industrial e de infra-estrutura com o grande empenho que o poder público tem se dedicado a fornecer licenciamento a grandes empreendimentos e multinacionais. Sempre com o argumento que aumentará o consumo no mercado local, e consequentemente aumento no número de postos de trabalho e assim uma melhor qualidade de vida para a população. Mas na prática é assim?
Vejamos o caso da
Techint, multinacional italo-argentina, que produziria plataformar
petrolíferas para o grande “genio” da economia brasileira Eike
Baptista. Dois anos atrás a Techint era a resolução para a maioria
dos nossos problemas, segundo prefeito e vereadores da época, e com
a mudança de prefeito e vereadores continuou sendo, geraria 5.000
empregos diretos “para pontal”, movimentaria o comércio e
geraria mais milhares de empregos indiretos.
Porém o que
aconteceu? Em primeiro lugar, vimos que esses empregos todos não
eram pra Pontal do Paraná, viamos todas as manhãs dezenas de onibus
de outras localidades chegando para trazer trabalhadores e leva-los
ao fim da tarde, ou seja nem tempo para gastar no comércio local
eles tinham. Esses bilionários como Eike Baptista não produzem nada
na verdade, suas fortunas crescem através da especulação
financeira, e assim se sustenta todo o sistema financeiro mundial,
assim essas multinacionais são diretamente dependentes deste
sistema. E assim, devido a uma perfuração que não se congretizou,
ou seja os empresários já tinham contabilizado e até vendido os
barris de petróleo daquele poço, porém quando perfuraram não
tinha o que esperavam, isso abalou o sistema financeiro que é
especulatório e fez que os contratos da Techint fossem cancelados, e
milhares de trabalhadores e trabalhadoras fossem demitidos, sem
contar os reflexos que isso teve no comércio local, pequenos
comerciantes que investiram para poder atender o aumento da demanda
agora quebram por não poder honrar seus compromissos, e os postos
indiretos de trabalho agora são postos de demissão indireta.
Precisamos entender
que a Techint não é um caso isolado, ela é reflexo do sistema
financeiro capitalista internacional, e que como nos últimos anos
ocorreu aqui em Pontal, apostar todas as fichas do desenvolvimento
local neste modelo desenvolvimentista é um erro muito grande.
Podemos ver que neste período em que a Techint virou a “salvação”
da economia do municipio, muito pouco ou quase nada se investiu em
outras formas de desenvolvimetno econômico, como turismo,
cooperativismo, economia criativa, etc.
Assim ficamos
dependentes de um único modelo de desenvolvimento, que é instavél
e que se baseia na economia de mercado, ou seja, mesmo que não haja
quebras financeiras como no caso da Techint, no momento em que Pontal
não for mais “lucrativo” para a empresa ela vai embora, e não
podemos construir um desenvolvimento sólido para o município
baseado em um sistema espculatório e isntavél.
Não somos contra
grandes empresas que queiram vir para nosso município, desde que
respeitem o nosso meio ambiente, nossa população e nossa cultura,
pois temos em mente que elas sempre serão passageiras, então
precisamos garantir a preservação de nossas riquezas. Somos contra
esse modelo que aposta todas as fichas em um sistema que não é
sustentavél, nem ambienta, nem social e muito menos economicamente,
a “salvação” era a Techint, agora é o Porto, a Odebrecht,
Subsea 7 e amanhã quem será?
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